sexta-feira, 15 de abril de 2016

Não era amor





Ele chegou tão certo do que queria
Era como se estivesse esperando há muito tempo por aquele momento
Não hesitou
Proclamava aos ventos: É ela!

E, eu ali, sem entender direito
Duvidando da tal certeza
É, coração não se engana
Ou se engana?

Antes mesmo do primeiro passo ele já estava “completo”
“Inteiro” em cada canto
Fez-se presente até onde não era permitido entrar
Controlou até mesmo a tríade de direitos

Duvidei desse amor reinventado
Tinha alguma coisa distorcida
Mas desprezei a intuição
Não olhei os sinais

Apaixonei-me até a medula
Abri meus arquivos secretos
Fui tão eu
Que me perdi

O pulsar do amor
Cedeu lugar a motanha-russa emocional
Nesse frio entre subidas e descidas
Estabeleceu-se a indiferença

Ele que tanto doava
Tirou-me o banquete
A vinda dele veio tão rápida
Do mesmo jeito que a mala partiu

Quase morri de amor
Mas vi que não era sentimento nobre
Morrer de amor é desamor
É erva daninha

Retirei-me com dignidade, sobrevivi!
Hoje procuro o amor calmo
Sem perder o norte
Sem perder a mim mesma

Arthemisa Gadelha

2016

terça-feira, 12 de abril de 2016

Supressor de Apetite



Cheguei para o almoço morta de fome. Poderia comer um boi, como falam por aí. 
Hum, comida boa! Como diz o dito popular: "A fome é o melhor tempero". 
Entre uma garfada e outra a pergunta de sempre:
  - Está tudo bem? Você já superou?
Nossa, foi difícil engolir. Parei cinco segundos, olhei calmamente e respondi:
 - Sim, superando! 
Senti um nó na garganta. Aquela fome voraz foi esvaindo....o peito apertou, contive uma lágrima, ou muitas, sei lá!
Analisando bem, acho que perguntas como essa são bem-vindas. É, estou precisando perder 5kg.

Arthemisa Gadelha

Um dia qualquer de 2012

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Lá vem a chuva




Quando o abraço já não aquece
É porque o coração congelou
Coração congelado é hipotermia da alma
É ternura se esvaindo
É perda de calor
Baixas temperaturas nos levam a procurar agasalhos
Um cobertor aquecido de carinhos
Uma lareira num novo olhar
Conforto em palavras
Sutis gestos de amor
Ah, são esses abraços ternos
Que delicadamente envolvem o nosso coração
E mais do que isso
Amor novo aquece pés e mãos
Já nasceu com a vocação de nos proteger
Muda até as estações
E quando os temporais são inevitáveis
Não se preocupe!
Esse nobre apaixonado sempre tem um guarda-chuva


Arthemisa Gadelha

Escrito em 03/04/2016

Eudaimonia



Um dia só meu
Jogar as mãos pro céu
Sorrir um sorriso aberto 
E sentir a brisa no rosto
Caminhar descalça na areia
Enquanto a onda invade meus pés, minhas pernas... 
Ah, aquele friozinho bom da conta! 
Olhar o mar bem nos olhos azuis dele e encontrar a paz
Deve ser por causa daquela paisagem que só Deus pôde fazer
Ô maravilha! 
Tudo ali bem na minha frente
Os pensamentos se perdem ao horizonte. 
Aí, é só respirar
Nossa, algo tão bom
Que nem lembro o nome disso
Ah, deve ser felicidade! 
Faz tempo que ela não aparecia
Nem sabia mais como era...
Mas ela chega de mansinho, toda educada
Eu aproveito e falo bem baixinho: 
“- Ei, vai não! Fica só mais um pouquinho
To carente de tudo! E você me preenche por completo”.
Ela ficou comigo até o pôr do sol
Deixou raios de coragem, determinação e fé
E disse aqui dentro: “- Eu volto!

Arthemisa Gadelha

Em um dia do ano de 2013.

domingo, 10 de abril de 2016

Sim, jornalista!



Ele anda com a curiosidade
Sempre lado a lado
Tem fome de saber
Precisa ver, tocar, experimentar...
Bate no peito o sentimento legitimo da profissão
Uma vontade que não cabe em si
Alcança um, muitos, milhares, uma nação ou quem sabe o mundo
Caminha passo-passo, mas corre também e na maioria das vezes voa
O tempo não é seu aliado!
Por isso é preciso arriscar! Sair do marasmo
No jornalismo não há espaço para a zona de conforto.
Não há rotina!

É ter asas!
Uma mão no céu e as vezes um pé no precipício
É ter o sexto, o sétimo, o oitavo e muitos mais sentidos do que qualquer outra pessoa.
Por isso todo jornalista tem um pouco de cada profissão
Conhece um pouco de cada coisa
E se mostra frio quando necessário
Em outras situações é até chamado de calculista
Mas no fundo ele é só coração!
Mesmo que todo bom jornalista seja um pouco chato.

O olhar é sempre para o próximo
Em busca da coletividade
É ser instrumento da liberdade
Como diria Rui Barbosa:
É a vista da Nação”

Investigar é o seu verbo favorito
É seu compromisso!
Talvez seja por isso, que não exista jornalismo sem paixão!
Ou paixão sem jornalista
É muito mais que escrever bem, falar corretamente...
Ser jornalista é ser corajoso
É nunca baixar a cabeça
É questionar, é desconfiar...
É ser voz daqueles que não possuem voz.


Jornalista já nasce jornalista!
Mesmo que não exerça a profissão
Ele nunca deixa de ser
Porque ser jornalista, não é uma dúvida, mas uma certeza!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Ressurge Manaus




Sobre a margem esquerda do Rio Negro nasceste tu, mãe dos deuses.
Oh, forte de São José do Rio Negro! Era 1669...
Surge então a vila em 1832, com teu nome, com teus traços,
Com tua origem indo tupi, com o nome hebraico: Manouchyaka.

Manau, Manaó, Manaós...

A vila de Manaós, tornou-se cidade,
Cidade da Barra do Rio Negro.
Morena mulher, imagem cabocla.
24 de outubro de 1848.
Oito anos depois, retoma a tua origem: sim é Manaus!

Terra santa, terra onde emana mel
Mel da seringueira...é a Borracha!
Tempo áureo, fim do século XIX e início do XX.
Bella Époque.
Manaus, Paris dos Trópicos.

No Coração da Amazônia:
O colossal Teatro Amazonas, Porto flutuante, relógio da Matriz.
A realeza no meio da floresta.
Toques do Reino Unido, numa Manaus índia.

Surgem ainda galerias pelo centro, bondes,
Calçadas com granito, pedra de liós,
A primeira universidade do país.
Gente de outras partes te abraçam,
Irmãos nordestinos se tornam teus filhos.

Da nobreza viste o caos,
Na tua decadência, nasce então uma nova era.
Resurge das cinzas, desponta na indústria, acelera o teu crescimento.
Nasce uma nova Manaus, com resquícios de ingenuidade, hoje com ares cosmopolita.

És mãe, és deusa, és belatriz.
Vive em nossa memória.
Resurge todos os dias em nossos encontros,
És negro, és solimões.
És Manaus! És minha, és tua, és nossa história!

Arthemisa Gadelha

Poema escrito em 2011


domingo, 3 de abril de 2016

Permita-se!



De vez em quando tire os sapatos
Ande despretensiosamente
Sinta, seja leve
Mesmo que algumas pedras incomodem 
Sorria!
Não é o caminho que te determina 
Mas sim, os teus passos.


Arthemisa Gadelha

Manaus, 28 de dezembro de 2015.

Ciúme




Ei, menino!
Por que exala tanta simpatia?
Assim, eu morro de ciúmes...
Não seja tão dado
Não abrace o mundo desse jeito!
Deixa os teus braços pra mim
Só eu entendo o teu afago
Gosto de encostar a minha cabeça no teu peito
E pensar que você é só meu
Se você acha que é posse
Desculpe-me!
Eu chamo isso de bem-querer.

Arthemisa Gadelha

Escrito em 2013

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O moço barroco



Livre de Interpretações
Complexo em seu estilo
Faz-se necessário tempo para entendê-lo
Talvez uma vida seja pouca
Ele foge de tudo que é simples
Assim como o barroco, ele é intenso, exuberante....
Virtuoso ao falar
Gestos refinados
Sútil em um jogo de palavras
Até os seus exageros são rebuscados
Mas seu barroquismo cede espaço a suavidade do seu olhar
Olhar pleno
Com toques de um sorriso brando
Tão leve, quase tímido!
O moço barroco na verdade é um pouco de tudo
Um pouco de cada arte!

Ao amigo Átila De Paula​

By Arthemisa Gadelha

Manaus, 30 de dezembro de 2015.

Indizível Liberdade



Voltou para seu mundo
Para suas histórias numa tela
Um chat talvez
Ou um novo prazer numa esquina
Acho que não signifiquei nada
Era um jogo
O estranho é que eu gostava
Sorria a cada mistério
O desconhecido pairava no canto da boca
Não existiam garantias
Apenas nós
E algo que criamos tão nosso...

Ainda consigo ver aqueles olhos
Meios medrosos
Ao mesmo tempo vidrados
Era sempre como a primeira vez
Eu, ali, aparentemente segura
Em algo incomum pra mim
E ele muitas vezes envolto em sua timidez
Num campo tão conhecido dele
Tão rotineiro
É, éramos contraditórios

Mas isso não importa agora
Não há mais riscos
Não há mais no peito uma morada
As vezes apenas um incomodo
O desconforto de não dizer adeus
Apenas umas linhas
Linhas tecnológicas
De um não me procure mais
Tão clichê!

Não entendo porque ele obedeceu
E o fim veio tão rápido
Veio pela internet
Sem lágrimas...
Ficou apenas o vício de um porto nada seguro.

Arthemisa Gadelha

Manaus, 21 de março de 2016.