quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Soneto do amor sozinho


Amo assim sem pestanejar, sem querer, sem duvidar 
Amo porque amo, porque no amor não há explicação 
Amo ontem, sim, amo agora! Ah, eterno amor ora, ora 
Amor não tem fim, ele sabe desviar caminhos sem demoras.

Amo mesmo não sendo nada 
Amo sem ter significado algum, nenhum, nenhum...
Amo no teu esquecimento. Ah, triste jornada
Amor me leva até sem ser lembrada, sem ser amada.

Amo na solidão de quem ama
Amo em meio a lágrimas profanas
Amo na dor da chama.

Amo e amo
Amo e pronto! Não há mais discurso e ponto!
Amo amar, assim eu me reconto.

Arthemisa Gadelha

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Galho seco



*Deixei-me fluir no ar, nos meus pensamentos...
Concluir que meus atos do passado,
Só eram interessantes nos momentos de dor.

Hoje não sou feliz, muito menos sou triste.
Simplesmente, não tenho porquê me alegrar
E nem sofrer.

Há não ser pelas lembranças
De uma remota vida pacata,
Ao mesmo tempo tão real e cheia de amor.

Agora, tudo parece sem sentido.
Não sei o que procuro...
Não sei, não sei...

Sonhos?
Se é que um dia os tive.
Será que os sonhei?
Se sim, então eles se perderam.

A vida não é flores, muito menos as desejei.
Minto, as desejei sim!
Mas, com seus espinhos.

Hoje não tenho espinhos e muito menos rosas.
Sou apenas um galho seco,
Mas que ainda pode resplandecer.

Arthemisa Gadelha


*Poesia escrita em 1996. Penso tão diferente nos dias atuais.

domingo, 22 de agosto de 2010

A melhor idade



Às vezes me pego pensando, como será viver na terceira idade. Será mesmo que é a terceira idade? Ou na verdade é começar a viver a primeira idade?

Toda aquela correria: trabalho, estudo, contas, educação dos filhos e por aí vai...começa então a ceder lugar à tranqüilidade de tudo o que foi construído, porque chegou o tempo de aproveitar toda essa experiência vivida.

Os mais jovens ainda não entendem o significado desta nova etapa. Muitos não sabem nem o quanto vale a pena, chegar a esta nova casa. A casa da sabedoria, da benevolência e do amor. E por que não amor? Muita gente acha que só porque alguém carrega longos anos de vida, não pode mais viver a plenitude do amor. Bobagem! Esta é a hora de amar!

Não falo somente do amor Eros, mas, principalmente, pelo amor a vida. Acordar cedinho, fazer aquela caminhada, ler os livros que sempre teve vontade, mas a correria não permitia. Cuidar das plantas, dos animais e até dos netos, porque agora é possível fazer tudo aquilo, que não foi permitido ser feito com os filhos. Ser avô ou ser avó é uma delícia! É ser pai e mãe novamente, mas de forma adocicada, desta vez não é preciso se preocupar com a educação.

Velho? Quem disse velho? Ah, aqueles meninos e meninas, que acham que nunca vão chegar até lá. Velho é ainda este tipo de pensamento!  Velho é tudo aquilo que não serve mais, que é pra ser jogado no lixo, e olha que hoje em dia, até o que é lixo é reaproveitado e reciclado. Como diz o dito popular: “Velho é o mundo!”.

Imagine chegar aquele momento de ir a praia, ver o pôr do sol, as crianças correndo de um lado pro outro, tudo com aquele sorriso no canto dos lábios, sem se preocupar com a hora, sem se preocupar com nada. Agora é tempo de sentir a poesia! Quem sabe, de ser a própria poesia! E por que não?

Mas haverá também o momento de ver a correia nas ruas, nos shoppings, gente andando de um lado pro outro, caras preocupadas, a impaciência dos motoristas refletida em cada buzinada. É, aí, que vem aquele pensamento: como é bom poder ter 60, 70, 80 quem sabe 90 anos. Enquanto todo mundo corre, chegou o momento de só observar.

Mas observar às vezes cansa, então é hora de dançar, pintar, fazer o curso de línguas, porque a viagem para a Europa sairá do sonho para ser tornar realidade no próximo ano, ou quem sabe daqui há cinco, ou dez anos, quando essa aposentadoria melhorar. Não importa, ainda há tempo, mesmo que os outros pensem que não!

Ah! Como é maravilhoso encontrar os velhos amigos. Opa! Velha aqui, só a amizade! O espírito continua jovem, com aquele mesmo sentimento dos raios da juventude: raios esses de sol, de vigor e alegria.
Ainda não cheguei lá! Mas para mim, o sabor de viver a terceira idade, é bem atrativo, é poder viver todas as etapas das diversas idades, no melhor patamar da vida.

Arthemisa Gadelha

Ao meu amor


*Eu só quero uma coisa,
Que não lhe custe muito não!
Só quero seu amor,
Seu amor numa canção.

Canção melodiosa,
Que preencha meus ouvidos,
E se instale devagarinho
Em nosso amor bem de mansinho.

E ao longe se vai ao ninho,
Ao cantar dos passarinhos
Nessa triste canção,
Elícito à emancipação.

Sentiremos a incandecência
Nunca a nós revelada.
E na busca do insigne Eldorado,
Nós nos amaremos, oh meu amado!

Arthemisa Gadelha

*Mamão com açucar. Poesia do início da década de 90.

O bicho de Martin


 *Quando Arthemisa e Bruna chegam ao apartamento, na volta da reunião da igreja...

– Martin, Martin!!! Você deixou a porta aberta? - Perguntou Arthemisa.

Martin estica o pescoço lentamente para fora do quarto, com olhos vermelhos e arregalados, além da cara de pavor, onde ressaltava um enorme pânico. 

– Tem um bicho horrível atrás do ventilador, acho que é um morcego! - Exclamou.

Arthemisa entra e olha. Influenciada pelo medo,  a cara do bicho lhe parece como a de um rato e o corpo semelhante ao de um passarinho. 

- Meu Deus, uma nova espécie! - Disse olhando para Bruna. A amiga devolve o olhar, como se tivesse pensado a  mesma coisa.
- Aíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! - Arthemisa grita e corre desesperada!
 
Bruna resolve dar uns passos para trás, mas desiste e volta, para olhar mais de perto. Com um sotaque mineiro bem carregado, fala num tom de espanto: – Gente, isso aqui é uma pena. Como esse trem veio parar aqui, sô? - Indagou.

Arthemisa olha novamente e constata. – É do meu espanador! Acho que caiu durante a faxina, hoje à tarde. - Revelando assim o mistério.

Martin sai do quarto aliviada, depois de duas horas, pra não dizer envergonhada. Tudo por causa do tão terrível bicho, que não passava de uma simples pena de espanador.

Arthemisa Gadelha


*Uma história real do dia 07.10.06 



sábado, 21 de agosto de 2010

Traição


Ser, sentir...
O eu interior enraizado,
Na mais intrínsica harmonia,
Vem então a sensação de paz.   



Sentir o teu ser inerente,
Ao meu eu interior,
Único e sublime.
O êxtase!                            

Sentir a mudança.
Olhar a realidade nua, transfigurada, repleta de dor.
Aquela dor que invade o peito,
Que o parte em mil pedaços,
O sangrar, a explosão.

Sentir que o ser morre aos pouquinhos,   
Porque o amado lhe partiu a alma.
Ah, sentir-se traído, trocado...
Por um motivo que nem sabes.
Talvez até por não ter motivo.

O ser se sente impotente,
Sem forças, chora, grita, cai no abismo...
E, quando um raio de luz
Consegue penetrar o sentir,
O ser já não tem mais forças pra lutar.



Arthemisa Gadelha

Manaós


Manaus,
Terra da paixão,
Cidade do amor,
Inspiradora dos poetas,
Primor de Deus!

Manaus, minha querida Manaus,
Amo-te cidade encantada!
Terra do cabloco,
Terra farta e de florestas vastas.

Ah, gloriosa Manaus!
Verde das matas,
Canto do Uirapuru,
Bailar do bôtos.

Manaus, a minha Manaus!
Terra de sonhos e fantasias,
Cidade do encanto
E de calor tropical.

Manaus
Mata aflante,
És favorita!
Rios misteriosos, perpétuos, plenos e plurinominais...
Manaus virtuosa Manaus
És belatriz!

Arthemisa Gadelha

domingo, 15 de agosto de 2010

Felicidade


Eu queria ser feliz!
Livre, voar como um pássaro
Sempre na mesma diretriz.
Solidão eu nunca quis,
Mas quando vejo estou só,
No vazio, no escuro, no mundo que virou pó.

Onde estás felicidade?
Será que fugiu de minhas mãos?
Mas isso não poderias,
Pois eu te abraçaria.
E numa leve melodia,
Poética harmonia,
Eu renasceria.

Acalentada pela magia
Da luz que irradia o dia,
Viveria em perfeita simetria,
Sem existir tristeza então...

Utopia?
Não pode ser!
Felicidade será uma palavra,
Que jamais podemos ter?

Arthemisa Gadelha

*Poesia escrita na década de 90. 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Saudade


Quero você!
Mesmo sem querer.
Assim...sem explicação.
Apenas com o sentimento que flui,
Como um rio.

Sinto falta do que éramos,
Do que fomos,
Do que não chegou a ser.

A noite intacta soprou.
O Sereno caiu como bálsamo.
Quem sabe a cura da ferida que ficou...
É, justamente, na liberdade de voar,
Que temos a escolha da dor.

Arthemisa Gadelha

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Armadilha Melódica


*Algumas circunstâncias da vida são engraçadas para não dizer, que na verdade são armadilhas, e, nós somos apenas reféns do seu bel prazer, aliás que prazer sádico.

Você tenta esquecer alguém, então deixa de alimentar os sentimentos, pára de ligar, de mandar mensagens, de olhar as fotos que tiraram juntos, inclusive esconde bem no fundo daquela gaveta, não só as fotos como todo material que te faça sequer, lembrar da pessoa.

Os pensamentos são uma das partes mais preocupantes dessa história, mas se não há alimento para esses pensamentos a tendência é com o tempo você possa controlá-los também.

O mais difícil nisso tudo é que quando nos tornamos apaixonados, os nossos sentidos se deliciam com as sensações: o perfume que se tornou inesquecível ao nosso olfato, mas inesquecível mesmo foram os feromônios, aquelas substâncias químicas liberadas, que permitem o reconhecimento mútuo da atração, ô coisinha chata! Porque contra a química é mais difícil de lutar. Mas quando estamos a quilômetros de distância e bote distância nisso, você pode se considerar protegida também da armadilha química. Podemos incluir juntamente ao olfato, a visão, pois como diz o velho ditado “o que os olhos não vêem o coração não sente”, e na lista vai também o tato e o paladar. Fácil, né?

Hunrum, é sim, basta força de vontade e uma vida equilibrada para conseguir! Certo?
Errado! Esquecemos da audição. Sabe aquelas músicas que vocês ouviram juntos, ou aquela que você intitulou ser de vocês?
Aff! Elas é que vão te pegar. E pegam por completo, pois tocam lá na alma, bem no fundinho sabe!?
Pois é, é aquela música, justamente ela, que vem estragar todo o trabalho.

Ah, mas você se preveniu e já escondeu o CD e tirou até a musiquinha do celular, do laptop, do MP3, MP4, ou seja, de toda e qualquer tecnologia que possa reproduzir a trilha sonora de vocês.
Parabéns! Excelente trabalho! Mas, o problema é que você esqueceu de avisar o seu vizinho. E numa bela manhã de domingo você levanta, senta na frente do computador enquanto toma o seu café e ao mesmo tempo lê seus e-mails, e de repente começa aquela melodia ao fundo que você conhece tão bem. Os batimentos aumentam, os olhos brilham e você tem vontade de xingar o pobre vizinho, coitado ele nem tem culpa!

E você continua ouvindo, e vê por uns minutos todo o trabalho indo pelo ralo. A vontade de ligar volta, os sentimentos afloram, assim como os pensamentos. A música faz você lembrar do cheiro, faz você ver a pessoa bem na sua frente, faz você tocar e sentir o gosto de um dia, tudo ao mesmo tempo. Ela toca seu coração e parece que enfia o dedo bem dentro dele dizendo: “Saudade”.

O jeito, bem não há jeito pra isso! Pelo menos você vê, que enquanto termina de escrever essa crônica se dá conta, que a música parou, como também, já não está mais sentindo as borboletas em seu estômago. Agora é só esperar pelo tempo...

Arthemisa Gadelha

*Escrito no dia 12/05/2008. Antigo, mas tão atual!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Eros

O amor por onde andava?
Bem ali, e eu nem percebi.
Foi chegando de mansinho,
Abriu a porta, sentou.
Não respeitou minha vontade.
Sabe lá, o amor o que é isso!?
Sabe não!
Para ele vontade só se for a dois.

É tanto descaramento,
Que de vergonha,
Ah, esse amor não morre, nunca!
Tomou minha alma, pensamentos, sentimentos...
Tomou tudo e mais um pouco,
Sem qualquer procuração.

Oh, amor!
Dou-me por vencida e me entrego.
És meu tutor e amo.
Se sou prisoneira nos teus braços...
Mais presa estaria, se não pertencesse a ti.

Arthemisa Gadelha


domingo, 1 de agosto de 2010

Música


Ah, voz  melodiosa!
Tocada como notas numa frequência baixa.
Como Blues, ele evitava aquelas de escala maior.
Falava baixinho...Mas no tom certo!

Só as palavras eram fortes, swingadas, improvisadas, com diferentes possibilidades.
É, elas eram jazz aos meus ouvidos.

Arthemisa Gadelha

sábado, 31 de julho de 2010

Moiras



Destino! Oh, Destino!
Ao mudar o caminho, tropecei na tua mesa.
No início pensava eu: - Ah, nada demais!
Ida predestinada...
Era setembro.
Lá, foi o ponto, foi o começo...

Passaram-se dias, meses. Quem imaginaria?
Outro encontro aconteceu. Para um era...
Zoeira. Para o outro um...
Zum, Zum, Zum!
E nessa brincadeira,
Tomei uma rasteira, rasteira de amor!
Tudo por causa dele, oh destino!
Implicante destino.

Arthemisa Gadelha

Sem pedir licença



Quando ele chegou meus pés fincavam no chão.
Sonhos?
Nem os tinha
Sem perceber fui levada a sair dos meus limites
Comecei a guardá-lo
A demora de um dia, transformou-se em sorte
Tudo passou a ser leve...
Como folhas ao vento
Como a brisa no rosto

Quando ele chegou, as coisas se moveram graciosamente
Quando vi, já era tarde!
O amor estava lá
Dono de si, dono de mim.

Arthemisa Gadelha


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Assim..



Começou do nada, do acaso, num bate-papo.
Algumas palavras soltas no ar
Ele não entendia...
Foi o não entender que nos aproximou:
-Fala mais perto!
Indaguei: -Como?
-Aqui no meu ouvido.
Uma, duas...várias vezes
E numa delas, calou-me

Arthemisa Gadelha